Quando era criança, alguns
pensamentos passavam pela minha cabeça, que eu mesma questionava a minha
sanidade mental. Pois me perguntava quase que constantemente se a vida não
seria uma grande mentira, e ao contrário do que pensávamos, estávamos mortos; e
que ao morrer, aí sim, estávamos realmente vivos.
Hoje, aos cinquenta e sete anos,
percebo que a minha mente infantil era muito mais lúcida e sábia, talvez por
sua pureza, e por isso mais conectada a sua essência. Porque hoje constato a
duras penas, que estamos todos mortos sim. Mortos em espírito. Mortos por
termos perdido o contato com nossa Divindade Interna, nossa Real Identidade,
nosso Real Mestre Iniciador.
Descubro hoje, que precisamos
verdadeiramente nascer. Sim! Precisamos voltar ao início. Precisamos nos iniciar.
Não a iniciação terrena, feita por homens tão mortos como nós. Não a Iniciação por alguma
fórmula secreta, algum processo ritual ou sacramental, algum mágico e
misterioso conjunto de palavras que nos jogue automaticamente, para dentro do
mundo espiritual, sem a competente mudança interna do nosso ser. Pois, como diz
Humberto Rohden, “...o reino de Deus
é o único reino do universo onde não há contrabando ou entrada ilegal, por
alguma portinhola secreta do fundo, seja a força de dinheiro ou sagacidade,
seja por obra e mercê de bons amigos e protetores. No reino de Deus só se entra
pela porta reta, honesta e pública da frente, isto é, pelo fato de ser alguém, de ser precisamente aquilo que se deve ser no plano eterno,
para entrar nesse reino; e esse direito de entrada no reino de Deus consiste
precisamente no fato de ser o homem um “renascido pelo espírito”, uma “nova
creatura[1]
em Cristo”.
Precisamos nos iniciar de dentro
pra fora, não o contrário. Concordo até, que ainda precisamos de pontos
catalisadores, que nos impulsione, que nos toque, nos inspire através dos
sentidos terrenos. Mas que isso não nos qualifique como Iniciados, sem antes sermos; sem
antes termos nos tornado senhores de nós mesmos, sem antes termos sentido dentro de
nós a palavra deixada pelo maior de todos os Iniciados que por este planeta já
passou, o Mestre Senhor Jesus, quando nos diz que o céu, a vida eterna,
consiste em “amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de toda mente e com
todas as forças” – isto é o novo ser do homem
místico, do qual brotará espontaneamente o novo fazer do homem ético – “amar o próximo como a si
mesmo”.
“A verdadeira iniciação nada tem que ver com fórmulas
misteriosas. Consiste tão somente nesta coisa tão singela e tão imensa, que é o
encontro pessoal com
Deus, essa estupenda revolução cósmica dentro da alma humana e a subsequente
sintonização da vida cotidiana, interna e externa, com essa grande e decisiva
experiência.”[2]
Paz e Luz!
Tania Lacerda.