domingo, 30 de setembro de 2012

Os símbolos




Disse-me certa vez um companheiro nesta minha jornada espiritual, que se quiséssemos nos comunicar com os Seres do Mundo Astral, seja ele Superior ou Inferior, teríamos que usar a linguagem dos símbolos, das cores e dos sons. Não só por ela ser melhor compreendida por estes seres, mas principalmente por nós mesmos.
E concordo com ele em gênero, número e grau, pois é muito difícil elevar a mente nas asas da metafísica até atingir o ar rarefeito da realidade abstrata. É preciso ter um símbolo concreto que o olho pode ver, e com ele representar a realidade abstrata que nenhuma mente humana pode conceber.
E a prova disso é que existem muitos símbolos que são empregados como objetos de meditação: a cruz, as formas de Deus no sistema egípcio; os símbolos fálicos em outras fés. E utilizamos esses símbolos como meios para concentrar a mente e nela introduzir certos pensamentos, evocando determinadas idéias e estimulando determinados sentimentos.
Utilizamos os símbolos por meio do qual vamos conseguindo ler os segredos dos poderes desconhecidos; em outras palavras, utilizamos o símbolo como um meio de guiar o pensamento do Invisível ao Incompreensível.
Ao meditarmos sobre um determinado símbolo observamos que existem relações definidas entre as suas partes. Há algumas partes sobre as quais conhecemos alguma coisa; há outras sobre as quais podemos intuir algo, ou, em outras palavras, a respeito das quais podemos ter um "palpite", raciocinando em função dos princípios primeiros. A mente salta de um princípio conhecido a outro conhecido e, assim fazendo, atravessa as mais diversas distâncias.
As coisas que os símbolos traduzem são inimagináveis - e, no entanto, a mente, correndo de um símbolo a outro, é capaz de pensar nessas coisas; e, embora tenhamos de nos contentar em ver através de um vidro esfumaçado, temos toda razão para esperar que, ao fim, vejamos essas coisas diretamente a as conheçamos por completo, pois a mente humana se desenvolve por meio do exercício, e aquilo que no início era tão inimaginável quanto a matemática para uma criança que não consegue resolver suas contas, chega ao limiar de nossa compreensão. Pensando sobre uma coisa, formamos conceitos sobre ela.
Parece verdade que o pensamento se originou da linguagem, não a linguagem do pensamento. Aquilo que as palavras são em relação ao pensamento, os símbolos o são no que diz respeito à intuição. Por mais curioso que possa parecer, o símbolo precede a elucidação.
E levamos maior vantagem, pois temos hoje muito mais coisas a extrair dos símbolos do que nos tempos da antiga revelação, pois nosso conteúdo mental é mais rico em idéias.
Cada símbolo, ademais, admite diferentes interpretações nos diferentes planos e, por meio de suas associações vai abrindo, assim, novos e vastos campos de aplicação, nos quais a mente viaja sem descanso, pois um símbolo leva a outro numa cadeia contínua de associações, e ambos se confirmam mutuamente, da mesma maneira como os fios de muitos ramos que se reúnem, sendo cada símbolo passível de interpretação nos termos de qualquer plano em que a mente possa estar funcionando.
Todo símbolo evoca imagens na mente; essas imagens, porém, não se desenvolvem ao acaso, mas seguem uma linha de associações bem definidas na Mente Universal.
Todo símbolo é para a Mente Universal, o que o sonho é para o eu individual, algo oriundo da subconsciência, que representa as forças ocultas.
Sabemos que as correspondências entre a alma humana e o universo não são arbitrárias, pois surgem de identidades em desenvolvimento. E que certos aspectos da consciência foram desenvolvidos em resposta a certas fases de evolução e, por conseguinte, incorporaram os mesmos princípios; conseqüentemente, reagem às mesmas influências.
Dione Fortune diz que “A alma humana é como um lago que se comunica com o mar por meio de um canal submerso; embora aparentemente o lago esteja cercado de terra, seu nível de água baixa ou se eleva com as marés, por obra dessa conexão oculta”.
Ocorre o mesmo com a consciência humana; existe uma conexão subterrânea entre as almas individuais e a alma do mundo, a essa comunicação se acha profundamente encerrada nos escaninhos mais primitivos da subconsciência, e é por essa razão que participamos do fluxo a refluxo das marés cósmicas.
Cada símbolo representa uma força ou um fator cósmico. Quando a mente se concentra no símbolo, ela se põe em contato com essa força; em outras palavras, um canal superficial, um canal na consciência, se estabelece entre a mente consciente do indivíduo a um fator particular da alma do mundo, e é por esse canal que as águas do oceano refluem para o lago. Por este motivo ao utilizarmos um símbolo e meditamos sobre ele, estabelecemos um ponto de união entre a sua alma e a alma do mundo. Essa união resulta num tremendo influxo de energia para a alma individual, e é nesse influxo que a Magia acontece.

Paz e Luz!

Tania Lacerda.

(Baseado em estudos da Cabala Mística de Dione Fortune)

sábado, 29 de setembro de 2012

Esta postagem vai em homenagem ao meu momento pessoal e a todos que muito ainda precisam fazer do exercício do perdão, um ato contínuo e diário, assim como eu.


A cada dia que vivo e aprendo com a vida, mais se reforça para mim a constatação de que o perdão vai bem além de uma atitude localizada e isolada, de que ele se aproxima de um exercício. É um conjunto de atitudes que vamos tomando e reavaliando, construindo novas interpretações da vida, descobrindo e escolhendo novos ângulos. O perdão integra uma série de ações internas e externas e precisa de tempo para se assentar.
As mágoas nos prendem ao passado e nos fazem temer o futuro, retiram o poder do presente e a abertura a vivê-lo. Ocupam lugar no nosso coração fechado, tornando difícil que outras emoções, outras histórias, outras experiências de vida possam florescer. Um coração cheio assim é um coração que se aproxima da realidade só pela metade. Então vamos ficando amargos, não só pelas vivências de mágoa, mas também pelo fechamento criado que faz com que nossa vida afetiva murche, e junto com ela nosso viço, nossa alegria, nossa disposição, nosso impulso criativo.
Muitas pessoas relutam em pensar em perdão por acreditarem que isso significaria abrir guarda a pessoas e situações que lhe fariam sofrer. Seguem vida a fora carregando suas histórias de sofrimento como se fossem escudos: "Agora ninguém me fará mal novamente, eu tenho essa história para me proteger". Só que esse escudo é pesado demais, grande demais e impede a visão plena, parece ser um grande espelho atrás do qual a pessoa se esconde e só vê os reflexos de si mesma com sombras do passado. Esse escudo não só protege de situações ameaçadoras, ele acaba por impedir qualquer tipo de contato e nos isola de nossa natureza humana relacional.
"Mas se eu não guardar minha história de dor, ela não será reconhecida, como se um pedaço meu fosse deixado de lado", algumas pessoas podem dizer. Sim, é importante reconhecermos cada pedaço de nós, mas não precisamos carregar as dores como se fossem troféus pesados numa sacola enorme. Precisamos reconhecer nossas cicatrizes como marcas do combate, mas sem peso e dor."Precisamos reconhecer nossas cicatrizes como marcas do combate, mas sem peso e dor."
Certa vez ouvi uma frase que clareou bastante para mim o significado mais profundo do perdão: "O verdadeiro perdão consiste em abrir mão da esperança de que o passado fosse diferente". Então, não é escancarar a porta da minha casa e da minha vida para quem me fez mal? Nem esquecer o passado? Pois é, o perdão que abre o coração é aquele que reconhece que o passado passou e que nada pode mudá-lo. Somente o presente bem vivido pode inserir novas pegadas nessa estrada. Perdão inclui ainda a necessidade de reconhecermos que nós também fizemos o que podia ser feito, o que demos conta de fazer, dentro das possibilidades que vislumbrávamos: autoperdão. Nos reconhecermos humanos, passíveis de erro e de acertos na tentativa do aprendizado.
Não se trata de varrer a poeira para debaixo do tapete. É na verdade um exercício de ver e sentir tal poeira do passado, identificar de onde vem e onde está. E, então, começar a limpá-la, se necessário buscar ajuda para isso, usar todos os recursos disponíveis para deixar a casa limpa e aberta para a brisa fresca dos novos tempos. Um coração que se abre para reconhecer e tratar de suas mágoas é um coração livre para bater de novo, no ritmo das emoções que surgirem aqui e agora.
(Juliana Garcia)


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Por que os pontos cantados são tão importantes para um terreiro de Umbanda?




O ponto cantado é uma prece, uma oração. Através deles, salvamos uma, ou várias Forças; pedimos ajuda para aflições, demandas, cargas negativas etc.
Sendo assim, os pontos devem ser entoados não apenas com a boca, mas com o coração. É preciso que um filho de Fé sinta o que está cantando, interiorize o seu cantar. Para saber cantar um ponto não é preciso o “dom do cantar”, é preciso apenas saber sentir.
São os pontos cantados o caminho vibratório por onde uma gira vai encaminhar-se. Se estes forem cantados com o coração, certamente esta gira tornar-se-á tranqüila, proveitosa e organizada, porque despertarão: a Fé, a Harmonia, a Paz etc. Assim como acontece cada vez que vamos fazer as nossas preces, de forma tranqüila, sem palmas, sem tambores, sem gritos, sem pulos, sem nada, apenas a nossa voz e Deus. Certos Filhos de Fé, inclusive, gostam de cantar pontos quando vão fazer suas preces, suas orações, e isso o fazem tranquilamente, em Paz.
Saibam vocês, que quando um ponto é cantado aos gritos, a plenos pulmões, ele fere a sensibilidade astral de quem tem e até mesmo de quem não tem.
Outro aspecto a se observar são as letras desses pontos, pois as mesmas devem estar repletas de imagens positivas que elevem o tônus vibracional de todos, facilitando inclusive a atuação das entidades espirituais. Por esta razão, os pontos de Raiz são tão importantes, primeiramente porque são pontos dados pelas Entidades espirituais e, por isso mesmo não se limita apenas a atuar em certas pessoas através do reflexo condicionado, ele penetra profundamente na alma de todos que têm sensibilidade para tal.
É importante ter em conta que a música é uma combinação harmoniosa de sons e que, tem cor, atrai ou dissipa certas energias, portanto, além dos aspectos místicos, o ponto cantado movimenta forças, movimenta a magia de Umbanda.
Saibam os Filhos de Fé que o som do atabaque, por ser destituído da qualidade chamada altura, produz ruídos e não sons musicais (é monocórdio). Além disso, por prestar-se mais a ritmos sob o compasso binário (o mesmo usado para as marchas militares, etc.), sua percussão retumba principalmente sobre nossas vísceras, ativando assim, num ambiente mediúnico, o atavismo, o animismo, o fetichismo.
Como a maioria dos brasileiros gosta de um bom pagode ao ritmo dos tantãs e atabaques, um simples bater dos instrumentos já começa a gingar. Porém, não podemos esquecer que isto é festa, é lazer, é divertimento profano e não culto religioso ou de aperfeiçoamento espiritual, até porque, os guias e protetores não são pagodeiros e o som produzido pelos referidos pagodes nada têm a ver com a faixa vibratória deles.
Dessa forma, haveremos de concordar, movidos apenas pela lógica pura e simples, que gostar de um "bom batuque" é lícito, é justo, mas daí a querer levá-lo aos nossos terreiros vai uma distância enorme.
 Afirmam alguns inclusive que: Com o som dos atabaques todos dançam, todos giram, todos gingam, todos pulam, todos gritam, mas incorporação que é bom, nada”!
Para quem interessar possa, deixo aqui algumas características sobre o ritmo e a frequência dos pontos cantados:
ü      Vibração Espiritual de Oxalá – os sons são místicos, predispondo à paz e às coisas do Espírito.
ü      Vibração Espiritual de Ogum – os sons são vibrantes.
ü      Vibração Espiritual de Oxossi – os sons são imitações da harmonia da natureza.
ü      Vibração Espiritual de Xangô – os sons são graves, isto é, são cantados "baixo".
ü      Vibração Espiritual de Yorimá – os sons são dolentes, melancólicos.
ü      Vibração Espiritual de Yori – os sons são alegres, predispondo ao bom ânimo.
ü      Vibração Espiritual de Yemanjá – os sons são suaves, predispondo à renovação afetiva emocional.
Finalizo o texto apenas reforçando o ensinamento dos guias e protetores da Sagrada Corrente Astral de Umbanda, quando afirmam que o ponto cantado possui uma função ímpar dentro do ritual de Umbanda, devendo ser-lhe dada a devida atenção, pois estão sendo movimentadas forças das quais poucos conhecem a existência.

Paz e Luz!
Tania Lacerda.

O Sermão da Montanha e a Umbanda




Matta e Silva afirmava e nos ensinou que o sermão da Montanha é a base da Umbanda.
Ghandi afirmava que: "se todos os livros sagrados da humanidade se perdessem, mas não O Sermão da Montanha, nada se teria perdido".
E apesar de sabermos, como cita Matta e Silva, em uma de suas obras: A doutrina de Jesus, tão antiga quanto as Eternas Verdades, jamais foi privilégio ou monopólio de uma religião ou de uma raça. Ela sempre foi relevada, em todos os tempos, de todos os modos, pois é infantil conceber-se que, somente há 2.000 anos, essa doutrina tivesse surgido, com o meigo Jesus, que teve o cuidado de afirmar não vir ab-rogar a Lei, e sim, confirmá-la... E ainda disse mais: - “a minha doutrina não é minha, mas Daquele que me enviou” (João, VII,16)”. Encontramos no Sermão da Montanha um conjunto de ensinamentos que é a base não só da Umbanda, ou de qualquer religião, mas de todo aquele que busca o caminho de volta para casa.

Este conjunto de ensinamentos se fundamentam em quatro pontos principais:
ü       O primeiro é que o objetivo de toda a vida espiritual é alcançar o reino dos céus que, significa voltar ao estado inicial de união com Deus.
ü       O segundo ponto é que para isso, o homem deve mudar de dentro para fora. Já que ele está imerso na materialidade, está tolhido por seus condicionamentos insensatos, então ele precisa se transformar. E deve agir, começando de dentro para fora.
ü       O terceiro ponto é que todas as ações do homem na Terra são regidas por uma grande lei conhecida como a lei de causa e efeito.
ü       E o quarto ponto, finalmente, é que existe um grande princípio de coesão no universo. Esse princípio de coesão, de união, é conhecido por nós como Amor. Esse princípio faz com que todas as barreiras possam ser transpostas, todos os impedimentos sejam dissolvidos para a reunião, para a união final do homem com Deus.

Esses quatro princípios são apresentados ao longo do Sermão da Montanha, como As Bem-Aventuranças. Que são ideais ou virtudes que devem ser alcançadas por todos que decidem seguir a senda que leva à iluminação plena. Representam a essência espiritual dos ensinamentos. E todas elas começam com “bem-aventurados”.
“Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus”.
O pobre em espírito é aquele que tem total ausência de egoísmo e orgulho, que foram substituídos pela humildade e modéstia. Então, para estes, verdadeiramente pobres em espírito, não existe mais a consciência de um eu separado. E, sendo assim, não existindo mais a consciência de um eu separado, realizou-se a união e foi alcançada a bem-aventurança.
Ensinamento este transmitido por nossos amados caboclos e pretos velhos a cada sessão em nossos terreiros, a cada consulta, mas principalmente a nós, seus instrumentos de trabalho, através de nossa mediunidade, onde é solicitado a todo o momento que o egoísmo, a vaidade e o orgulho sejam trabalhados dentro de nós, a fim de que possam ser substituídos pela humildade, amor e caridade.
“Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra”.
Quem seriam os mansos? Aqueles que se escondem atrás da pseudo resignação, onde a leitura é “Deus sabe o que faz”. Não creio nisso! Até porque toda a nossa vida é responsabilidade nossa, somos os únicos responsáveis por nossas escolhas, pensamentos, sentimentos e ações. Logo, não é Deus quem faz, mas nós mesmos. Colhemos aquilo que plantamos. Se aqui estamos, foi pelo nosso Livre Arbítrio, pela escolha da segunda via de evolução. E embora para alguns estudiosos e “Mestres” terrenos, mansos são aqueles iluminados que entendem que deve conformar-se à vontade de Deus, prefiro acreditar que a mensagem aqui é de que devemos atingir a sabedoria de que o nosso Karma é fruto de nosso plantio. E esta sabedoria é alcançada a partir do momento que executamos a primeira Lei a ser seguida, para os que buscam o caminho de volta: “Conhece a ti mesmo!”.

Só aqueles que conseguem isto, tornam-se mansos, pois conseguiram conhecer-se tão profundamente, alcançando um equilíbrio e controle sobre si mesmo, não permitindo que nada exterior abale seu estado de espírito. Nada externo consegue desestruturá-lo, pois sabem que todo obstáculo, toda pedra no caminho, estão ali pela Lei da Atração e a Lei de Causa e Efeito. Atraímos para nós aquilo que precisamos para a nossa evolução espiritual. Só os mansos, compreendem que o Karma, não é um castigo, mas a oportunidade de aprendizado. E só estes podem “herdar a Terra”, porque só esses são os senhores e nunca escravos das “coisas da matéria”.

“Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados”
Talvez esteja aqui, uma das maiores lições para os umbandistas, freqüentadores, e principalmente, aqueles que acham que Umbanda é uma religião de “solução de casos”.
A aflição aqui, não se trata de uma aflição pela perda dos bens, da saúde ou de um ser amado. Aqueles que se afligem pelas coisas do mundo, expressam seu apego pelo que foi perdido. E geralmente expressam esse apego com ressentimentos e mágoas, o que não é atitude espiritual. Verdadeiramente, a aflição que traz o consolo da bem-aventurança é a aflição pela ausência da graça divina.
As pessoas choram pela perda das coisas desse mundo, entretanto, devemos nos afligir pela perda do estado original de união com Deus. Aqui sim, perdemos aquilo que tínhamos de mais precioso: o deleite constante da Presença de Deus. A criação é, na verdade, uma saída do seio de Deus. Portanto, quando a alma, desperta para a realidade última, anseia voltar para o seio de Deus, para a união com o Pai Celestial. Esta é a aflição que faz com que a pessoa seja consolada com a bem-aventurança.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados”.
No sentido espiritual, o que Jesus se referia como justiça era o conhecimento divino. Os que têm fome e sede do conhecimento divino sabem que devem buscar esse conhecimento avidamente, bater insistentemente à porta e pedir a graça de todo o coração.
São esses indivíduos que são referidos, mais adiante na Bíblia, como sendo aqueles que tomam o reino do céu pela força. Esses ativistas serão obviamente, saciados. Quando examinamos mais atentamente vemos que com o conhecimento divino, percebemos a divina justiça. A suprema justiça estipula que a graça seja concedida, na medida em que as pessoas se esforçam para obtê-la. E ela só pode ser obtida pela mudança interior; sempre! É isso que foi expresso como fome e sede de justiça. Então, quanto mais a pessoa se engaja na busca do conhecimento divino, quanto mais se esforça, quanto mais se engaja, maiores as chances de resultados favoráveis. No início da busca interior, a graça vem como inspiração e força para continuar o processo de mudança interior. Quando essa ocorre, chega finalmente o momento em que a graça se manifesta como a presença de Deus.

“Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia”.
Apresenta-se aqui, mais uma vez, a lei de causa e efeito. Quem é misericordioso alcança a misericórdia, ou seja, colherás o que plantares.
Entretanto, percebo aqui, uma outra mensagem embutida neste ensinamento. Refiro-me à questão da “caridade”.
A Umbanda tem como mola mestra fazer a caridade, mas me pergunto por várias vezes caridade pra quem? Não seria esta ação um processo desenvolvido em mão dupla? Porque doar-se pela evolução do outro, é doar-se para a sua própria evolução.
O uso do Bem e do Mal é um processo reflexivo. É como se diz, atirar uma bola na parede. Logo, ser misericordioso, fazer caridade, fazer o bem é algo que estamos fazendo para nós mesmos. E acredito que aquele que faz por consciência de que está fazendo não pelo outro, ou não só pelo outro, mas por si mesmo, é bem aventurado. Porque ser bom, caridoso, misericordioso, não dá direito a nada, é um dever de todos os seres do planeta.
Por isso, não vamos aos nossos terreiros para fazer caridade pra ninguém! Não vamos aos nossos terreiros cumprir a nossa missão de médium! Vamos aos nossos terreiros, trabalhar na Umbanda, para a nossa própria evolução. Porém, como tudo conectado está; um ato, um sentimento, uma ação de Amor é irradiado não só a nós, nem ao outro, mas a tudo e a todos.
“Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”.
A pureza referida não é somente uma pureza moral. O sentido espiritual de pureza de coração é a completa libertação do desejo pessoal. Quando há expectativa de retorno, em que a pessoa faz alguma coisa para obter algo, existe impureza de coração. Trabalhar para obter uma vantagem é uma atitude natural em nosso mundo terreno, mas não uma atitude espiritual. No texto desta bem-aventurança está implícito, também, o estado de união com Deus. Isto porque somente aqueles que se desapegaram inteiramente do eu, conseguem alcançar esta atitude de verdadeira pureza de coração.
Dentro da Umbanda essa “bem aventurança” nos é doada, nos é ensinada pelos espíritos que se apresentam sob a roupagem fluídica de crianças. Cabe a cada um percebê-la, sentí-la e compreendê-la.
“Bem-aventurados os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus”.
A paz deve ser promovida tanto no interior como no exterior. Primeiramente, a paz aparece como decorrência da transformação do indivíduo, aguçando sua mente e despertando sua intuição. Com isso ele passa a entender as leis do universo, as leis da manifestação que regem a vida do homem. O resultado deste entendimento é compreensão de que a vida é o que fizemos para ela seja como é e não como gostaríamos que ela fosse. Com essa compreensão vem uma profunda paz. Uma vez alcançada essa paz interior, ela naturalmente se reflete na vida exterior do indivíduo, que não mais entretém motivações, pensamentos, palavras e, principalmente, ações egoístas ou cruéis. Ele, então, está interiormente em paz e transmite esta paz àqueles que o cercam. Portanto, aqueles que estabelecem a harmonia interior e transferem essa harmonia para o seu exterior, estão agindo como Deus espera de seus filhos. Conseqüentemente, eles serão chamados filhos de Deus. Essa é sem dúvida uma grande realização porque na nossa tradição, quem é chamado de Filho de Deus? Jesus, o Cristo é o filho de Deus. Então, aqueles que são os pacíficos, os que promovem a paz, estão expressando Cristo em sua vida diária, por isso são chamados de Filhos de Deus.
“Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é o reino dos céus”.
Quem busca a verdade vive de forma diferente das massas. Todos nós percebemos que existem algumas pessoas que são, vamos dizer, diferentes, e quando as observamos com atenção, verificamos que elas têm um comportamento, uma ética, e certos ideais de vida que são bastante diferentes das massas. Por isso mesmo, as massas têm  certa desconfiança daqueles que são diferentes. Há sempre uma pressão das massas para o conformismo. Aqueles que são diferentes são tratados com desconfiança e, muitas vezes, são perseguidos. Foi isso que aconteceu com Jesus e com quase todas as grandes almas que procuram divulgar mensagens transformadoras. Esses reformadores são invariavelmente considerados subversivos pelo regime vigente e, quase sempre, são perseguidos.
Dentro da Umbanda essa bem aventurança reflete no próprio dia a dia do médium, pois ele é alguém, que se não é, pelo menos deveria ser, um guerreiro contra qualquer desequilíbrio. A sua função, a sua missão é retirar a Luz das trevas e iluminar a tudo e a todos. Acontece, porém, que os habitantes das trevas, o vão perseguir, tentando de várias maneiras fazer com que ele desvirtue de seu caminho e de sua missão. Cabe a ele, no entanto, agir com coragem, perseverança e destemor, consciente, de que a recompensa final, no plano físico, é coroa cravada de espinhos, pois os frutos do plano físico são amargos, mas doces ao Espírito.

Paz e Luz!
Tania Lacerda.

Aprendi na Umbanda

Aprendi na Umbanda, que os caboclos, preto-velhos e crianças, têm
como objetivo reafirmar, incessantemente, dentro do meio ou da
corrente humana, a Doutrina do Cristo Planetário.
Aprendi com os caboclos, preto-velhos e crianças de Umbanda, que
o egoísmo é uma das manifestações do desejo e é ele a causa de
todos os males e de todos os sofrimentos humanos.
Aprendi na Umbanda que estamos aqui, por conta desse egoísmo.
Pois quando o Espírito em seu Mundo Virginal expressou o desejo de
"melhor se conhecer" ou se "auto-experimentar", fez com que ele
descesse ao mundo dos planetas, implicando no seu condicionamento
de vida as formas facultadas pelas qualidades de energia
condensada em matéria, condições essas que o espírito ignorava e
por isso mesmo se viu preso às injunções dessa outra natureza. E
com isto, ele começou a experimentar essa nova Via de evolução
através dos reinos mineral, vegetal e animal, chegando por fim ao
gênero humano, sempre experimentando, errando e criando, dessa
forma o que conhecemos por Karma, dentro da roda incessante das
reencarnações.
Aprendi na Umbanda que a fim de acelerar a evolução de todos os
Seres ou Espíritos carnados ou desencarnados que estão situados na
faixa vibratória e Cármica da Corrente Astral de Umbanda, é que
existem esses Caboclos; esses Pretos-Velhos etc., olhando,
fiscalizando e ajudando de todas as maneiras positivas nos
ambientes astrais dos terreiros e das tendas, que dependendo dos
graus consciencionais dos seus praticantes, isso torna-se mais fácil,
ou tremendamente difícil para eles.
Aprendi na Umbanda que a verdadeira Casa de Umbanda é aquela
onde a Caridade é o pão de cada noite. É aquela onde os
umbandistas não se “apavoram”, nem se deixam envolver pela
ostentação, pela vaidade de seus irmãos ainda escravizados ao
aspecto exterior, vulgar, material das coisas que os olhos físicos
gostam de ver.
Aprendi na Umbanda que a verdadeira Casa de Umbanda é formada
por umbandistas conscientes, que não estão arraigados aos
exteriores que servem de escala e de contato para os planos
superiores. Quem se aferra a eles, são criaturas dentro do sagrado
direito de praticarem de acordo com seus estados de consciência
ou de percepção.
Aprendi na Umbanda com os caboclos, preto-velhos e crianças que o
Verdadeiro Caminho é o do Amor, no duplo aspecto da Renúncia e da
Caridade.
Aprendi na Umbanda que esses “Caboclos e Preto-Velhos”; são
verdadeiros mestres que não fazem escolhas pessoais, quando se
trata de fazer caridade ou incrementar a evolução das coletividades
humanas. E sabiamente se adaptam à mística, pelo relevo moral e
espiritual, étnico, místico, social e religioso de cada povo ou raça.
Onde o objetivo é atingir o estado de renúncia, porque é a forma de
dinamizar a própria matéria orgânica, pelas vibrações do espírito, nos
aproximando do Cristo, realizando gradativamente o Cristo em nós.
Aprendi na Umbanda que as entidades militantes da Lei de Umbanda
não têm como meta apenas atuar em médiuns de incorporação.
Não. Eles procuram médiuns com faculdades mais elevadas, a fim de
fazê-los missionários da luz. O objetivo dessas entidades é preparar
mediadores entre esses médiuns influentes ou com tendências afins
às luzes da verdade na própria consciência, para que possam ser
assim, os mediadores reais de suas mensagens ou ensinamentos,
veículos adequados aos contatos superiores dos Orixás intermediários
nas mensagens aceleradoras da evolução humana.
Aprendi na Umbanda com a tolerância, Amor e o sacrifício dos
caboclos, preto-velhos e crianças; que é a divina Magia da
compreensão e adaptação, que pode vencer nos terreiros, quando
impulsionam as criaturas pelos degraus da ascensão!
Aprendi na Umbanda que precisamos ser Amor-renúnciacaridade,
não para agradar a Oxalá, a fim de que ele interceda por
nós, pelo nosso egoísmo, no temor de um “Deus Justiceiro!”, que
nos espera em julgamento no dia do “Juízo”! Pouco adiantará uma
ascensão condicionada a este estado de consciência!~
Aprendi na Umbanda que precisamos elevar-nos ao Cristo,
realizando dentro de nós mesmos a consciência crística, que nos
conduzirá à consciência UNA, ao DEUS UNO!
Aprendi na Umbanda que UMBANDA é muito mais que
sincretismos ou similitudes das práticas que as criaturas
transformam na bizarria dos fetiches coloridos, que são os adornos
que a vaidade embala, como se fossem da Umbanda!
Umbanda é o movimento que repele todo e qualquer aspecto de
intransigência ou preconceitos de qualquer espécie, não se agarra a
princípios que não se pautem no paralelismo da evolução, da
concepção-inteligência-consciência! Umbanda não esmiúça os exteriores ou os invólucros grosseiros com os quais as criaturas
revestem esta Umbanda de todos nós, ou seja, os aspectos relativos
ou de sua apresentação, amoldados pelo conceito ou estados de
consciência dos seres humanos pelo que interpretam como
mediunidade.
Aprendi na Umbanda que os aspectos relativos da Lei de Umbanda
são atuantes e se adaptam a todos, através da simbologia, da
mitologia, da liturgia, do ritual, da magia, dos fenômenos espiríticos,
da ciência, da filosofia e, sobretudo, da Doutrina que suas
verdadeiras entidades militantes preconizam.
Aprendi na Umbanda que há um esforço das Hierarquias, por
intermédio de seus prepostos do Planeta Terra, a fim de incrementar
a evolução da raça, como que “forçando” seus estados de
consciência no caminho que conduz às coisas do além – do espírito,
pela lembrança, embora rústica, de sua origem e, também para
desviá-los dos dogmas e convencionalismos, pela livre expansão de
suas afinidades, que é a própria essência de seus pensamentos.
Aprendi na Umbanda que a maravilhosa magia que a Umbanda
revela está na sublime tolerância de jamais suas Entidades
indagarem qual religião ou crença daqueles que a procuram, para
este ou aquele fim. A única pergunta que fazem: É SE SOFREM –
traduzindo assim, exatamente, o pleno sentido da fraternidade.
Aprendi na Umbanda que os caboclos, preto-velhos e crianças
trabalham incessantemente para que os terreiros se esclareçam,
despojando-se das práticas e dos ritos que limitam o alcance,
espessando os “véus” da ignorância, prejudicando o despertar de
melhores concepções nas Eternas Verdades. Mas não desamparam
estes que assim praticam, enviando, dentro dos planos afins,
assistência correspondente a cada um destes planos ou graus.
Aprendi na Umbanda que os espíritos que chamamos de Caboclos e
de Pretos-Velhos e os que se apresentam na “roupagem fluídica de
crianças” são uns verdadeiros magos da psicologia popular, pois de
mil maneiras, sutis e oportunas, introduzem no subconsciente dos
que não têm o consciente ainda em condições de assimilar a
doutrina, os primeiros toques de percepção quanto à lei de
conseqüência, alertando-o no sentido do Bem e do Mal, objetivando
germinar em suas consciências os princípios positivos moraisespirituais.
Isto, porém, de forma sutil e oportuna, pela ação indireta
dos casos e das coisas que, comumente, levam as criaturas às
Tendas ou Casas de Umbanda.
Aprendi na Umbanda quão sublime é o trabalho, “neste campo
agreste”, dos “Caboclos e Pretos-Velhos”. E que somente um
observador consciente e perspicaz pode sentir o que de real e
positivo existe no mecanismo interno ou no modus operandi destes
espíritos quando atuam por intermédio de um veículo de FATO.
Aprendi na Umbanda o quanto há de tolerância, paciência e,
sobretudo persistência, ao ver uma Entidade de Luz, um mago,
revestir-se nos ademanos de um Preto-Velho, chegar ao ponto de
pitar, falar errado e outras coisas mais, para que assim suas palavras
se tornem mais aceitáveis por aqueles que, de outra forma, ficariam
espantados e descrentes.
Eles adaptam sua apresentação e seu modo de falar e agir de acordo
com o físico e as mentalidades dos que a procuram. É um caso
espantoso de “mimetismo” espiritual visando ao aproveitamento
integral à caridade completa.
Aprendi na Umbanda que precisamos elevar nossos pensamentos –
principalmente àqueles que já alcançaram um pouco além – e
agradeçamos, contritos, pois que a Sabedoria do Deus-Uno é infinita!
E como assim é, se apresenta sob qualquer forma ou aspecto – o
trabalho é apenas discernir entre o joio e o trigo.
Aprendi na Umbanda que o soerguimento moral-espiritual das
criaturas são frutos da sutileza dos esclarecimentos, que estes
Caboclos e Pretos-Velhos o fazem, daquela forma peculiar de dizer as
palavras pelo “linguajar” que varia com a tônica própria aos
entendimentos de cada um.
Aprendi na Umbanda que devo ser tolerante e compreensiva com
todos, pois que estes ensinamentos me são apresentados na
paciência dos caboclos, preto-velhos e crianças, que escutam, às
dezenas, todas as noites, o mesmo desfile de “casos e coisas”, sob os
mais variados e absurdos aspectos, exteriorizando desde o mais
“terra-a-terra”, às mais dolorosas condições morais que os humanos
Seres revelam, na ânsia que a ignorância e o egoísmo produziu.
Aprendi na Umbanda que as Entidades militantes – estes espíritos
que se “escondem” nas formas de “Caboclos e Preto-Velhos” –
exaltam o amor ao Cristo (o nosso Oxalá), para podermos realizar o
Cristo em nós, pois este Cristo que tanto veneramos na Umbanda,
como Oxalá ou Jesus, não é monopólio de nenhuma religião, sendo
como foi, e é, o símbolo do Amor-renúncia, para toda a Humanidade.
Aprendi na Umbanda com nossos Guias e Protetores a necessidade
de voltarmos à nossa “individualidade” virginal, que nós, como
espíritos, tornamos distinta, quando nos identificamos como unidade
simples, o um ou “ego” individualizado, pois teremos que ir
desprezando esta distinção, sobrepujando aspectos, a caminho da
Fonte Imanente, não para nos fundir, desintegrando a nossa
consciência no Todo: mandam que tenhamos em mente a integração
da verdadeira Unidade de Consciência, para nos podermos ir
“despindo” de individualidade ou personalidade, da maneira como as
distinguimos... isto é, até não existir mais a necessidade de ser “coisa
alguma” – anular todos os caracteres do egocentrismo.
Aprendi na Umbanda que a sua Lei é baseada nos Princípios da
Pureza, da Simplicidade e da Humildade.
Paz e Luz!
Tania Lacerda.
Baseado em NOÇÕES SOBRE A ETERNA DOUTRINA
DA LEI DE UMBANDA – W. W. da Matta e Silva
(Mestre Yapacani)

Falando sobre tolerância.

Só há tolerância onde há o respeito, o reconhecimento de que o que
o outro faz, apesar de diferente, tem o mesmo valor das coisas que
você faz.
Ser tolerante antes de tudo é respeitar o outro, é reconhecer a
legitimidade de seus atos, sentimentos e pensamentos, ainda que
diversos do seu; e se colocar em disponibilidade para a comunicação
com ele ainda que continuem a falar línguas diferentes, ou a
alimentar diferentes valores.
O reconhecimento do outro, ou o reconhecer-se diferente do outro,
não condiciona, portanto, em qualquer sentido, a uma comparação
entre você e o outro, da qual resultaria uma desigualdade, um
"maior" e um "menor".
Alguém pode ter maior renda, mais anos de escolarização formal,
melhores notas, mais isto ou menos aquilo, mas não vale mais em
razão disso, como ser humano; não podemos ter sonhos pelos
outros, nem mesmo pelos nossos filhos; não podemos sobrepor
nossos desejos ou valores aos de quem quer que seja, somos iguais a
todos no que tange a nossa dignidade como pessoa.
Entretanto, a despeito da infinita diversidade, os seres humanos
apresentam um feixe de características comuns, universalmente
encontráveis, um espectro de valores a serem permanentemente
cultivados, de direitos a serem universalmente preservados.
Claramente, o discernimento de tais características, valores e direitos
não constitui uma matéria sobre a qual um acordo parece fácil.
Pois a nossa tolerância termina quando o ato cometido pelo outro
agride, da forma que for a você mesmo, ou a outros. Por exemplo:
Existe tolerância com o estuprador, o pedófilo, o torturador, o
traficante? Com aquele que explora através da fé? Com as injustiças
e maldade humana?
Aqui começa o problema da tolerância. Até onde tenho que ser
tolerante? A tolerância envolve limites? Mas, se há limites, é porque
existe um parâmetro estabelecido, indicando até onde podemos e
devemos tolerar. E isto é tolerância? Acredito que não.
Por estes questionamentos, chego à conclusão que todos nós somos
intolerantes. E que, tolerância é algo a ser trabalhado, se assim
quisermos absorvê-la em nosso ser, e agregá-la como um degrau em
nossa jornada evolutiva terrena. Porque, tolerância verdadeira é
aquela que reconhece a legitimidade do outro diferente de nós.
Tolerância verdadeira exige a consciência de que cada qual age
conforme a sua própria natureza e voltagem. Tolerância verdadeira é
aquela que apesar de não concordar com o outro, ter o
desprendimento suficiente para compreender o motivo da diferença,
e ainda assim, não classificá-la como melhor ou pior, simplesmente porque ela não segue os parâmetros estabelecidos por nós mesmos,
ou pela opinião geral.
A tolerância verdadeira exige a compreensão de que as diferenças se
complementam, pois mesmo que você pense que os valores do outro
nada acrescentem a você, é o outro um instrumento utilizado para o
seu aprendizado de que todos são importantes e necessários, apesar
de diferentes. Ou na pior das hipóteses, é o outro o exemplo de tudo
que você não deve fazer. Oh Intolerância que não nos abandona!
O grande problema do tolerar, mas não se envolver, é que isto só é
possível na medida em que não me interesso, ou não me sinto
minimamente responsável pelo outro. Basta fechar os olhos, ou tapar
o nariz, e seguir em frente. Entretanto, quando acreditamos que
somos responsáveis por tudo e por todos, pois a nossa história faz
parte da história do outro e vice versa, as diferenças incomodam,
embora, não deveria, pois não podemos sobrepor os nossos valores a
ninguém.
O fato é que, sempre haverá o desejo de fazer valer as nossas
verdades, os nossos valores como únicos e corretos. No entanto,
nada é único e correto, tudo convém ou não a cada um. O que
funciona para uns, não dá obrigatoriedade de funcionar para outros.
E a conclusão final que chego é que será preciso ainda caminharmos
muito, pois para ser tolerante é preciso amar incondicionalmente, e
isso, ainda não aprendemos a fazer. O nosso amor, infelizmente para
existir, precisa de condições. Talvez por isso, tenhamos que ter filhos
para sentir minimamente o que é amar incondicionalmente.
Paz e Luz!
Tania Lacerda.

Transição

As épocas de transição sempre carregam consigo muitas dúvidas e confusão. Fato este normal e pertinente, pois transição significa que algo está intermediário, ainda não é nem uma coisa, nem outra. E é óbvio que no meio desses dois pólos, o que passou e o que estar por vir, estamos nós, meros mortais, recheados de virtudes e defeitos, cada qual com sua própria individualidade; identidade; pontos de vista etc.
E toda transição implica também em mudanças, transformações, internas e externas. Onde estas mudanças e transformações não são feitas da noite para o dia, de maneira uniforme e nem ao mesmo tempo para tudo e para todos.
Não dormimos um ser de uma época e acordamos completamente renovados, transformados em outro. Tudo é feito de forma adequada a capacidade de mutação, compreensão e aceitação de cada um, pois apesar de sermos iguais, somos únicos em nossas particularidades e características. Provando assim, que a diversidade não é algo novo.
Desde que o mundo é mundo que tudo é diverso. Tudo e todos agem e reagem de formas diferenciadas.
Entendam que diferente é algo pronto, não há a possibilidade de mudança; porém, diferenciado é algo que pode ser transformado, mudado, transcendido. Por isso talvez, sejamos todos iguais, porém diferenciados. E é este o ponto de minha postagem hoje a diversidade.
Como disse acima, a diversidade sempre existiu. Tudo e todos carregam suas particularidades e características próprias, ou seja, tudo e todos possuem a sua IDENTIDADE. É claro, que isto não torna nada maior ou menor; melhor ou pior; mais ou menos etc. Pois somos todos IGUAIS, todos mesmo. Porque quando digo TODOS, não me refiro apenas a nós SERES HUMANOS, mas a todo o PLANETA, a tudo que existe nele, sejamos nós, os animais racionais, os irracionais, vegetais, pedras, enfim TUDO MESMO.
No entanto, somos diferenciados, e é esta diferenciação que dá a identidade própria; a função própria; a MISSÃO própria.
Portanto, paremos, pensemos e reflitamos sobre este tema tão “na moda” ultimamente, a diversidade.
A diversidade não implica dizer em perda da IDENTIDADE.
Temos sim o dever de respeitar não as diferenças, porque não somos. Mas respeitar as diferenciações, as particularidades, as características próprias de cada um.
Não temos que aceitar, tolerar ou compreender as ações e reações de algo, pois pelo fato de não serem como as nossas, não implica em mais valia ou desvalia, logo, os termos TOLERAR, COMPREENDER ou ACEITAR, não cabem aqui.
O que precisamos compreender, e aqui sim, vai a necessidade de compreensão, é que a diversidade não deve retirar a IDENTIDADE de nada.
As religiões são iguais perante a Deus, e assim deveriam ser perante a nós. Porém, elas são diferenciadas. Cada qual com suas particularidades próprias, embora o objetivo, o alvo, a meta seja sempre a mesma, por isso elas são iguais.
Como umbandista, digo que existem formas diferenciadas de se praticar a UMBANDA, e isso, repito, não faz uma melhor ou pior que a outra. Porém, há de se respeitar a IDENTIDADE de cada uma dessas formas, e não querer generalizar, como se tudo que trabalhasse com Magia, oferendas, preces, contatos mediúnicos, energias etc., fosse UMBANDA.
O momento é de transição sim. Tudo está sendo preparado para uma nova Era. Uma nova era onde, como já disse alguém, a única religião seja o AMOR. Mas para isso, precisamos primeiramente, aprender a AMAR.
E com isso, peço a todos, mas principalmente aos Umbandistas deste planeta, que repensem, reavaliem esses conceitos sobre DIVERSIDADE, porque apesar do objetivo ser o mesmo, as IDENTIDADES não devem ser confundidas e misturadas como se tudo fosse UMBANDA, pois cada qual tem a sua própria função e missão neste PLANETA, embora todas elas estejam interligadas e sejam iguais em seu objetivo final.

Paz e Luz!

Tania Lacerda.

Oração de súplica



Oh Senhor dos Mundos e dos entes! Dai-me forças para continuar, coragem para continuar lutando, determinação no cumprimento de seus desígnios, mas acima de tudo Pai, sabedoria para compreender as noites escuras de minha jornada, provenientes de minhas escolhas.
Oh Mãe do mundo, Senhora das Águas! Lava meu coração e minha mente com suas Águas Sagradas.
Oh Energia da Pureza, do Amor e da Alegria, purifica meu ser retirando todo e qualquer sentimento contrário à Lei Divina.
Oh Senhor da Justiça Kármica, dai-me o entendimento de que todo karma não é um castigo, mas a oportunidade para sair da ignorância.
Oh Senhor das demandas! Cubra-me com teu manto para que eu possa enfrentar o meu maior inimigo – eu mesma.
Oh grande Caçador das Almas! Dai-me a cura para os males físicos, emocionais e mentais.
Oh Senhores da Humildade! Livra meu ser de todo e qualquer sentimento de vaidade e orgulho.
Oh Senhora dos Sete Véus! Permita que eu trilhe o seu caminho, consciente de que os espinhos são muitos e que dentre todas as lutas que serão travadas, a principal será comigo mesma, pois que tua Lei exige daqueles que querem amá-la o CONHECE A TI MESMO!
Oh Sagrada Corrente Astral de Umbanda! Tenha Misericórdia por minhas falhas, por meus sentimentos, ações e pensamentos contrários a Tua Lei.


Amém.

Hoje é dia de que?

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