Disse-me certa vez um companheiro nesta minha jornada
espiritual, que se quiséssemos nos comunicar com os Seres do Mundo Astral, seja
ele Superior ou Inferior, teríamos que usar a linguagem dos símbolos, das cores
e dos sons. Não só por ela ser melhor compreendida por estes seres, mas
principalmente por nós mesmos.
E concordo com ele em gênero, número e grau, pois é muito
difícil elevar a mente nas asas da metafísica até atingir o ar rarefeito da
realidade abstrata. É preciso ter um símbolo concreto que o olho pode ver, e
com ele representar a realidade abstrata que nenhuma mente humana pode
conceber.
E a prova disso é que existem muitos símbolos que são
empregados como objetos de meditação: a cruz, as formas de Deus no sistema
egípcio; os símbolos fálicos em outras fés. E utilizamos esses símbolos como
meios para concentrar a mente e nela introduzir certos pensamentos, evocando
determinadas idéias e estimulando determinados sentimentos.
Utilizamos os símbolos por meio do qual vamos conseguindo
ler os segredos dos poderes desconhecidos; em outras palavras, utilizamos o
símbolo como um meio de guiar o pensamento do Invisível ao Incompreensível.
Ao meditarmos sobre um determinado símbolo observamos que
existem relações definidas entre as suas partes. Há algumas partes sobre as
quais conhecemos alguma coisa; há outras sobre as quais podemos intuir algo,
ou, em outras palavras, a respeito das quais podemos ter um
"palpite", raciocinando em função dos princípios primeiros. A mente
salta de um princípio conhecido a outro conhecido e, assim fazendo, atravessa
as mais diversas distâncias.
As coisas que os símbolos traduzem são inimagináveis - e,
no entanto, a mente, correndo de um símbolo a outro, é capaz de pensar nessas
coisas; e, embora tenhamos de nos contentar em ver através de um vidro esfumaçado,
temos toda razão para esperar que, ao fim, vejamos essas coisas diretamente a
as conheçamos por completo, pois a mente humana se desenvolve por meio do
exercício, e aquilo que no início era tão inimaginável quanto a matemática para
uma criança que não consegue resolver suas contas, chega ao limiar de nossa
compreensão. Pensando sobre uma coisa, formamos conceitos sobre ela.
Parece verdade que o pensamento se originou da linguagem,
não a linguagem do pensamento. Aquilo que as palavras são em relação ao pensamento,
os símbolos o são no que diz respeito à intuição. Por mais curioso que possa
parecer, o símbolo precede a elucidação.
E levamos maior vantagem, pois temos hoje muito mais
coisas a extrair dos símbolos do que nos tempos da antiga revelação, pois nosso
conteúdo mental é mais rico em idéias.
Cada símbolo, ademais, admite diferentes interpretações
nos diferentes planos e, por meio de suas associações vai abrindo, assim, novos
e vastos campos de aplicação, nos quais a mente viaja sem descanso, pois um
símbolo leva a outro numa cadeia contínua de associações, e ambos se confirmam
mutuamente, da mesma maneira como os fios de muitos ramos que se reúnem, sendo
cada símbolo passível de interpretação nos termos de qualquer plano em que a
mente possa estar funcionando.
Todo símbolo evoca imagens na mente; essas imagens, porém,
não se desenvolvem ao acaso, mas seguem uma linha de associações bem definidas
na Mente Universal.
Todo símbolo é para a Mente Universal, o que o sonho é
para o eu individual, algo oriundo da subconsciência, que representa as forças
ocultas.
Sabemos que as correspondências entre a alma humana e o
universo não são arbitrárias, pois surgem de identidades em desenvolvimento. E
que certos aspectos da consciência foram desenvolvidos em resposta a certas
fases de evolução e, por conseguinte, incorporaram os mesmos princípios;
conseqüentemente, reagem às mesmas influências.
Dione Fortune diz que “A alma humana é como um lago que se
comunica com o mar por meio de um canal submerso; embora aparentemente o lago
esteja cercado de terra, seu nível de água baixa ou se eleva com as marés, por
obra dessa conexão oculta”.
Ocorre o mesmo com a consciência humana; existe uma
conexão subterrânea entre as almas individuais e a alma do mundo, a essa
comunicação se acha profundamente encerrada nos escaninhos mais primitivos da
subconsciência, e é por essa razão que participamos do fluxo a refluxo das
marés cósmicas.
Cada símbolo representa uma força ou um fator cósmico.
Quando a mente se concentra no símbolo, ela se põe em contato com essa força;
em outras palavras, um canal superficial, um canal na consciência, se
estabelece entre a mente consciente do indivíduo a um fator particular da alma
do mundo, e é por esse canal que as águas do oceano refluem para o lago. Por
este motivo ao utilizarmos um símbolo e meditamos sobre ele, estabelecemos um
ponto de união entre a sua alma e a alma do mundo. Essa união resulta num
tremendo influxo de energia para a alma individual, e é nesse influxo que a
Magia acontece.
Paz e Luz!
Tania Lacerda.
(Baseado em estudos da Cabala Mística de Dione Fortune)
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